infinito particular

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou portabandeira
de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

Por mim e por vc!!

Um beijo pra salvar
Mais um dia da minha vida
Um abraço forte
Pra começar com alegria
Um tempo pra viver
Como manda o coração
Livre das grades da perfeição

Demorou, vambora
Cê tá levando tudo muito a sério
Demorou, agora
É assim que tem que ser
É assim que tem que ser

Um sonho popular
Pra acelerar a vida
A sorte grande
Um emprego, uma saída
Vou dar tudo de mim
Porque assim eu vou tranqüilo
Porque o meu mundo é assim
Sem grilo

Demorou, vambora
Tá levando tudo muito a sério
Demorou, agora
É assim que tem que ser
É assim
É assim que tem que ser
É assim que tem que ser
Por mim e por você
É assim que tem que ser

Demorou, vambora ficar parado não
Dê um beijo na liberdade e também na diversão
Mas não tire o pé do chão
Não se esqueça da responsabilidade que tem como
cidadão ou cidadã
Respeitando irmão e irmã
Lute hoje, vence amanhã
Água, fogo, certo ou errado
Atire a pedra quem nunca cometeu pecado

Demorou, vambora
Tá levando tudo muito a sério
Demorou, agora
É assim que tem que ser
É assim que tem que ser
É assim que tem que ser
Por mim e por você

Ojala

ojala que las hojas no te toquen el cuerpo cuando
caigan
para que no las puedas convertir en cristal
ojala que la lluvia deje de ser milagro que pasa por
tu cuerpo
ojala que la luna pueda salir sin ti
ojala que la tierra no te bese los pasos

ojala se te acabe la mirada constante
la palabra precisa, la sonrisa perfecta
ojala pase algo que te borre de pronto
una luz segadora, un disparo de nieve
ojala por lo menos que me lleve la muerte
para no verte tanto para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones
ojala que no pueda, tocarte ni en canciones

ojala que la aurora no de gritos que caigan en mi
espalda
ojala que tu nombre se le olvide a esa voz
ojala a las paredes no retengan tu ruido de camino
cansado
ojala que el deseo se vaya tras de ti
a tu viejo gobierno de difuntos y flores

ojala se te acabe la mirada constante
la palabra precisa, la sonrisa perfecta
ojala pase algo que te borre de pronto
una luz segadora, un disparo de nieve
ojala por lo menos que me lleve la muerte
para no verte tanto para no verte siempre
en todos los segundos, en todas las visiones
ojala que no pueda, tocarte ni en canciones

ojala pase algo que te borre de pronto

Claridade

Eu não vou te convencer
Do que é certo aqui pra mim
Eu não vou mudar você
Deixar o tempo lhe mostrar
Nossa estória é mesmo assim

Eu não quero mais correr
Vou cuidar do meu jardim
Tenho flores pra você
Deixa o vento lhe contar
Ele sabe sobre mim

Chora
Pois a chuva de agora
Vai regar as suas rosas
E a tristeza vai ter fim
É hora
Acabou a tempestade
Pra chegar a claridade do amor

Era uma vez

Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encostada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre.
Era outra vez outro parque, outro circo, ciganos e patinadores. O circo chegou a cidade, era uma tarde de sonhos e eu corri até lá. Os artistas se preparavam nos bastidores para começar o espetáculo e eu entrei no meio deles e falei que queria ser trapezista. Veio falar comigo uma moça do circo que era a domadora, era uma moça bonita, mas era uma moça forte, era uma moçona mesmo. Me olhou, riu um pouco e disse que era muito difícil mas que nada era impossível. Depois veio o palhaço Polly, veio o Topsy, veio Diderlang que parecia um príncipe, o dono do circo, as crianças, o público… De repente apareceu uma luz lá no alto e todo mundo ficou olhando, a lona do circo tinha sumido e o que eu via era a estrela Dalva no céu aberto.
Quando eu cansei de ficar olhando pro alto e fui olhar pras pessoas, só aí eu vi que estava sozinha.

Texto de Antônio Bivar
Extraído do Disco Drama 3°Ato – 1973

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com seu carinho
E lembrei de um tempo…

Porque o passado me traz uma lembrança
De um tempo em que era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via um infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é
iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

td mundo é uma ilha

Você não sabe o que eu sinto
Você não sabe quem eu sou
A gente entrou num labirinto
Eu dancei, você dançou
 
Agora é tarde, já não tem mais jeito
já não tem saída
No fim das contas, a gente faz de conta
que isso faz parte da vida
 
Eu caí…, você caiu…, numa armadilha
A gente tenta se esquecer
que todo mundo é uma ilha
 
Agora já é noite, já não faz sentido
ficar se iludindo
No fim das contas a gente faz de conta
que o mundo não tá caindo

Por um triz

Brandiu assim o ferro quente
E seu rosto em minha mente
Foi queimando feito cicatriz

Do corpo estreito quase ausente
O cheiro ardido e transparente
Era certo da questão o xis

Que o líquido fermente
Se separem as sementes
Ponham-se os pingos nos ís

Que a lente do amor aumente
Faça em presença o que é ausente
Porque só se vive por um triz

Só o amor pode juntar
O que o desejo separou
Não poderia ontem se
Vestir de amanhã

Só o amor pode apagar
O que o desejo rasurou
Inventaria ontem
Pra existir amanhã

É tarde

Se você olhar um pouco ao seu redor
Vai poder notar que a noite já caiu
Se você voltar pra casa e não achar ninguém
Vai notar que na cidade falta alguém

Se você ligar o rádio
Todas as canções irão dizer: Goodbye, so long, my
love

Se você ligar o rádio
Todas elas juntas vão dizer: é tarde

Se você perdeu agora a ilusão
De que os fatos eram fios em suas mãos
Vai querer tirar do armário o velho violão
Vai notar que ainda falta uma canção

Se você ligar o rádio
Todas as canções irão dizer: Goodbye, so long, my
love

Você vai deixar na lista
das tarefas de amanhã: chorar mais tarde

E quando o sol da manhã bater na porta
E quando nada lá fora agora importa
Tudo bem, é tarde

Metade…

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
E que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei…

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente
Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia e a outra metade, é canção.

E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade… também…

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